Publicado em 23 maio 2025
Positive airway pressure therapy and all-cause and cardiovascular mortality in people with obstructive sleep apnoea: a systematic review and meta-analysis of randomised controlled trials and confounder-adjusted, non-randomised controlled studies
Título do Estudo
Positive airway pressure therapy and all-cause and cardiovascular mortality in people with obstructive sleep apnoea: a systematic review and meta-analysis of randomised controlled trials and confounder-adjusted, non-randomised controlled studies
Fonte
Revista: The Lancet Respiratory Medicine, Publicado online em 18 de março de 2025.
Aheadof print.DOI: https://doi.org/10.1016/S2213-2600(25)00002-5
Autores: Adam V Benjafield, Jean-Louis Pepin, Peter A Cistulli, Alison Wimms, Florent Lavergne, Fatima H Sert Kuniyoshi, Sibyl H Munson, Brendan Schuler, ShrikarReddyBadikol, Kelly C Wolfe, LesleeWilles, Colleen Kelly, TetyanaKendzerska, Dayna A Johnson, Raphael Heinzer, Chi-Hang Lee, AtulMalhotra, em nome do grupo medXcloud.
Introdução e Contexto
A apneia obstrutiva do sono (AOS) está associada a maior risco de mortalidade e eventos cardiovasculares e cerebrovasculares. Contudo, estudos randomizados controlados (RCTs) têm apresentado resultados inconsistentes quanto ao impacto da terapia com pressão positiva nas vias aéreas (PAP) nesses desfechos. Um relatório de 2021 da Agency for Healthcare ResearchandQuality reforçou a baixa qualidade das evidências disponíveis. Esta discrepância tem sido justificada frequentemente pela baixa adesão ao tratamento nestes estudos, pela inclusão de indivíduos com doença cardiovascular já estabelecida (nos quais os benefícios da intervenção poderiam ser mais limitados), pela exclusão de pacientes com sonolência grave (por razões éticas), e pelo menor poder estatístico (devido à amostragem limitada) dos RCTs.
Objetivo
Realizar uma revisão sistemática e meta-análise para testar a hipótese de que o tratamento com PAP reduz a mortalidade por todas as causas e a mortalidade cardiovascular em indivíduos com AOS.
Métodos / Desenho do Estudo
Foi realizada uma busca abrangente nas bases PubMed, Embase e Cochrane Central até agosto de 2023, atualizada em setembro de 2024, sem restrições de idioma ou localização. Foram incluídos RCTse estudos controlados não randomizados com ajuste para confundidores (NRCSs) que compararam adultos tratados com PAP versus não tratados. Foram analisados 30 estudos (10 RCTs e 20 NRCSs), envolvendo 1.175.615 participantes, com média de idade de 59,5 anos e predominância do sexo masculino (77%). O tempo médio de seguimento foi de 5,1 anos.
Resultados
O uso de PAP foi associado a uma redução significativa na mortalidade por todas as causas (HR 0,63; IC95% 0,56–0,72; p<0,0001) e na mortalidade cardiovascular (HR 0,45; IC95% 0,29–0,72; p<0,0001) em comparação ao não uso de PAP.O benefício clínico mostrou relação positiva com o tempo médio de adesão ao dispositivo. Quando analisados isoladamente os RCTs, embora a tendência fosse favorável ao PAP, os resultados não alcançaram significância estatística para mortalidade geral (HR 0,87; IC95% 0,65–1,16; p=0,35) nem cardiovascular (HR 0,87; IC95% 0,53–1,41; p=0,57). Análises de sensibilidade confirmaram a robustez dos achados. O benefício relativo da terapia PAP foi comparável ou superior ao observado com o uso de estatinas na redução de mortalidade.
Limitações do Estudo
A maior parte das evidências de benefício deriva de estudos observacionais e heterogêneos, que, apesar de ajustados para confundidores, não substituem a robustez dos RCTs. Houve resultados neutros nos RCTsisoladamente, risco potencial de efeito do “usuário saudável”, representatividade limitada de populações de baixa renda e minorias étnicas, dados clínicos e demográficos incompletos em alguns estudos e variabilidade metodológica entre os trabalhos incluídos.
Conclusões e Mensagens do Artigo
O tratamento da AOS com PAP está associado a uma redução significativa na mortalidade geral e cardiovascular em uma ampla população clínica, especialmente com maior adesão ao tratamento. O estudo apresenta diversos pontos fortes, como o grande número de participantes, a diversidade metodológica, a demonstração de uma relação dose-resposta positiva e análises de sensibilidade robustas. Esses resultados reforçam o papel da PAP como intervenção fundamental para melhorar a sobrevida e reduzir eventos cardiovasculares, destacando a necessidade de estratégias que promovam diagnóstico precoce, adesão consistente e acesso ampliado ao tratamento em diferentes populações.
Dr. Fernando Azevedo – Coordenador da Comissão de Distúrbios Respiratórios do Sono da SOPTERJ – Coordenador do Ambulatório de Distúrbios Respiratórios do Sono do HFSE/RJ
